domingo, 5 de julho de 2015

Tudo se repete


Os ciclos históricos sucedem-se com uma rapidez estonteante. Há pouquíssimo tempo costumávamos cantar no escuro canções que já retratam o momento atual, como o protesto disfarçado de carnaval de Ivan Lins:


"Acabou toda essa brincadeira 
Não há jeito de ser diferente
Como sempre chegou quarta-feira
E a praça não é mais da gente
Andam soltos fantasmas e bruxas
Lobisomem em noites de lua
O saci dança em noites escuras
E ninguém tá seguro nas ruas
Tudo se repete, oh maninha, como antigamente
E o diabo gosta, oh maninha
Arrepia a gente
As igrejas de portas trancadas
Já não entra, nem sai mais milagre
As pessoas de boca fechada
Vão fazer o jejum que lhes cabe
Clareando a sexta-feira santa
Segue a fila de velas acesas
Vêm cantando e o som se agiganta
Orações pra quem não tem defesa
Procissão de bastões e vassouras
Estilingues, bodoques e pedras
Canivetes, facões e tesouras
Aleluia, é o quebra-quebra
É a dança do queira-ou-não-queira
É vingança, é um Deus-nos-acuda
É o malho, é o fogo, a fogueira
É o povo na pele de Judas
Tudo se repete, oh maninha, como antigamente
E o diabo gosta, oh maninha
Arrepia a gente".
(Ivan Lins, "Quaresma")

Nenhum comentário: