quinta-feira, 31 de março de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

Defensores da Humanidade (I)

Cidinha Campos, deputada fluminense de origem paulista, é uma dessas pessoas que a gente tem que amar, proteger e divulgar. Será a primeira, de uma série de seres que dignificam a raça humana, que pretendo postar neste humílimo blog.

Blog do Ricardo Gama



Eu nunca havia lido o blog do Ricardo Gama. Aliás, nunca tinha ouvido falar no próprio Ricardo até ler sobre o atentado  perpetrado contra ele na última quarta-feira, dia 23, no Rio de Janeiro. Ressalto que minha ignorância não é culpa do blogueiro, que tem hoje quase 1.500 seguidores e é definido pela Folha de S. Paulo como "conhecido por suas críticas aos governos Sérgio Cabral e Eduardo Paes".


Dei uma passadinha pelo blog e vi o seguinte: ex-filiado ao DEM e hoje sem filiação partidária, o advogado Ricardo Gama bate forte, com argumentos, notícias e vídeos, no governador e no prefeito do Rio e em qualquer servidor desses governos que tenha a infelicidade de ser apanhado em falta. Há denúncias contra policiais, juízes, advogados, associações de classe, ONGs, executivo, legislativo e judiciário.


O atentado a Ricardo pode ter sido planejado e executado por bandidos sem colarinho, que também são alvo do blog, ou por uma típica simbiose entre esses e os outros mais bem vestidos. Já que Ricardo sobreviveu, é possível que o número de seguidores do seu blog aumente, graças ao característico efeito de tiro no pé que sempre resulta da repressão violenta.


O blog do Ricardo desce aos níveis mais baixos da degradação moral promovida ou tolerada pelo poder público, enquanto eu tenho mencionado aqui, eventualmente, apenas o sofisticado andar de cima do crime organizado. Mas, mesmo não sendo exatamente a linha do meu blog, Ricardo passa, a partir de hoje, a fazer parte das indicações de blogs afins que faço aqui n'A Grande Viagem.


A Humanidade precisa defender-se das bestas que ainda circulam por aí em corpos humanos; e a melhor maneira de começar é divulgando informação relevante. Recomendo visitarem, além de outros, o blog do Ricardo.

sábado, 19 de março de 2011

Presente


Ganhei de um amigo baiano, irmão de guilda e companheiro de muitos combates, um dos mais belos presentes que alguém pode ganhar. Não me refiro ao traço delicado, à fluidez do movimento ou à maestria no uso da luz; nem à imaginação que reproduz a expressão do rosto, cria o olhar e imprime personalidade à imagem de alguém que nunca se viu.

O grande presente, oculto na imagem do guerreiro, é a consideração, o carinho, a delicadeza, a lembrança: a amizade. Um presente que transcende a distância, o tempo e a própria existência.

Pymm, por Vitor Marcelino Bessa / Out. 2009

quinta-feira, 17 de março de 2011

O amor quase impúbere



Zapeando no Youtube encontrei um clip do Slade cantando "Darling Be Home Soon", de John Sebastian. Gostei de rever a velha banda do fim da minha puberdade. Coloriu meu fim de tarde com a aquarela psicodélica daqueles amores cataclísmicos que devastavam, e depois aravam, o coração dos meninos e das meninas que, adolescendo, tateavam correndo pelos recém-descobertos caminhos do Universo.

"Come
And talk of all the things we did today
Here
And laugh about our funny little ways
While we have a few minutes to breathe
Then I know that it's time you must leave
But darling be home soon
I couldn't bear to wait an extra minute if you dawdled
My darling be home soon
It's not just these few hours 
but I've been waiting since you toddled
For the great relief of having you to talk to"


Caramba, em 1976 o amor era assim!... No século 21 os corações ainda têm tanta energia? Espero que sim, e que essa fase absurdamente luminosa, pura, selvagem, tempestuosa e magnífica da vida humana nunca se perca.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Momento rebelde


Batatĩa quando nasce
Cispa rama pelo chãl
A minina quando dorm
Põiamãl nu coraçãl.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Amazing Grace

  
"Através de muitos perigos, trabalho e armadilhas
Eu já passei;
Foi a Graça que me trouxe a salvo até aqui
e a Graça me conduzirá para casa".

A Física e o Caos


Recentemente, o playboy socialista muçulmano árabe africano (isso mesmo) Muamar Kadafi protagonizou, ou foi levado a protagonizar, uma sequência de eventos que parece um padrão primoroso de organização:
  1. Após vinte anos de invisibilidade concedida pela imprensa internacional, o nome de Kadafi volta aos jornais, sem qualquer menção ao PanAm 103 ou ao Iran Air 655;
  2. Pouco tempo depois de sua desinvisibilização, Kadafi deixa de ser referido no noticiário como "presidente", passando a receber o título de "ditador", simultaneamente em todos os veículos de comunicação;
  3. Na esteira das revoltas populares árabe-africanas, a Líbia entra em guerra civil e torna-se alvo da atenção mundial, enquanto o choque de realidade  causa divisão entre os apoiadores do regime, ensaiando atingir até os filhos do ditador, que viveram mergulhados na ideologia da dominação durante toda a sua vida e que, durante a crise, passam a trocar acusações, na tentativa de salvar o pescoço do pai e, por conseguinte, os seus próprios;
  4. Em seguida, os EUA retiram seu apoio ao dirigente líbio, seguidos por diversos países europeus e finalmente pela ONU, ajudando a Inglaterra e a OTAN a livrarem-se de um incômodo aliado, há muito tempo cravado em suas gargantas;
  5. De dentro dos seus quartéis, Kadafi continua a lutar, se não tanto pelo poder, agora pela própria pele, esbravejando contra os clãs inimigos e contra o colonialismo estrangeiro, assustado pelos fantasmas de Nicolae Ceausescu e de Saddam Hussein, exemplos claros do fogo e da frigideira.
Isso não parece obra do acaso, embora a relação entre os levantes desencadeados pela auto-imolação do engenheiro tunisiano Mohamed Buazizi e a Líbia pareça equilibrar-se entre as leis de Newton e a Teoria do Caos. Apesar de essas revoltas populares terem sido o pano de fundo para as subsequentes preocupações de Kadafi, a sequência dos eventos aponta para inteligência, método, sistema e ordem. É possível perceber o mesmo padrão aplicado, por exemplo, aos casos de Zine Ben Yali e de Hosni Mubarak, apenas com as diferenças características das respectivas personalidades.

Quem terá virado para baixo o poderoso polegar que moveu a imprensa mundial e deu o sinal para que governos, governantes, astros da música pop, organizações supranacionais e alianças militares negassem Kadafi por três vezes e o abandonassem à própria sorte?

Kadafi em meio a líderes regionais, em outubro de 2010

sexta-feira, 4 de março de 2011

Post de Carnaval



A vida é uma aventura
Um mar cheio de surpresas
Por tudo se faz loucura
de nada se tem certeza
Viver é fazer um samba
é beber mais um gole
é cantar pra ela

Que a vida jogada fora sempre volta pela janela...

Às vezes o tempo é curto
E tem tanta coisa pra se viver
Lição de sabedoria
É ter paciência para aprender
Viver é fazer história
É deixar a lembrança gravada nela

Que a vida jogada fora sempre volta pela janela...



(Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, "Vida Jogada Fora")

terça-feira, 1 de março de 2011

Judiciário, censura, revolução e outras crenças


Novas informações sobre o modo de pensar dessa estranha máquina que é o CNJ são trazidas a público nesta semana: "STJ ignora teto e paga supersalário a seus ministros(Folha Online, 27/02/2011).

A notícia, publicada no foro privilegiado da imprensa (na página "Poder", e não na página policial), revolta não pela exposição  do fato, já comum, de servidores públicos utilizarem subterfúgios "legais" para apropriar-se das riquezas produzidas pela sociedade, não obstante já desfrutarem salários e privilégios inacessíveis à absoluta maioria da população. O que causa indignação são as justificativas tortuosas apresentadas por esses senhores: "Você precisa confiar nas instituições. Se o CNJ permite, é porque fez de acordo com a Constituição"


Ou seja: eu vou à assembléia do CNJ, voto a favor do uso de adendos que "não são remuneração, são auxílios, abonos de permanência e adiantamentos de férias e salários" (sic) para burlar a Lei e, depois, ponho a culpa no CNJ.


Com o sangue batendo nas têmporas ante tanto cinismo, comentei na Folha Online:
"Os representantes do crime organizado no Judiciário brasileiro não estão preocupados com o cumprimento da lei e sim com a defesa dos seus próprios interesses. Utilizam-se imoralmente das brechas deixadas pelos seus comparsas do Legislativo para assaltar os cofres públicos e zombar da população que sua sangue e lágrimas para gerar as riquezas de que eles indecentemente se aproveitam. O mundo inteiro está vendo o resultado disso nos países árabes".
Meu comentário gerou 107 avaliações positivas de leitores da Folha, além de sete comentários favoráveis. Quem freqüenta o espaço para debate bem-comportado da Folha de S. Paulo sabe que esses números não são comuns. Evidentemente há o outro lado, e seis pessoas avaliaram negativamente o meu post, mas nenhuma delas quis manifestar as razões do repúdio.

Um dia depois, meu comentário havia sido expurgado pela Folha, restando em seu  lugar apenas a informação genérica: "O seu texto infringe os termos de uso do serviço e por isso foi removido".

O motivo da censura ao meu comentário pode ter sido a já notória arbitrariedade do censor da Folha; porém, mais provavelmente, terei sido julgado e condenado por tentativa de sublevação. Já adianto que minha intenção não era iniciar um tumulto ou uma revolução que apeasse do poder a classe dominante. Sempre haverá uma classe dominante, composta de modo geral pelos mesmos elementos e, considerados o indivíduo comum e os círculos externos da sociedade, de pouco valem as revoluções além do exercício da simples vingança e do revanchismo. Eu não sou um revolucionário: sou um homem comum que ainda não perdeu a capacidade de indignar-se. Não compactuo com a injustiça e sou absolutamente intolerante à que é praticada por servidores do Judiciário, todos os dias, sob a inaceitável desculpa da observância à letra fria da Lei. Sabemos muito bem quem redige e aprova essas leis, de resto cheias de "brechas". O que eu quis dizer foi que é possível exercer o poder com, digamos, "sustentabilidade", e que a exploração predatória da natureza humana costuma por em ação a primeira e a terceira leis de Newton, como a História está careca e depilada de tanto demonstrar. Por quê não restringir o uso do poder a quem tenha condições mínimas de fazê-lo com sabedoria, evitando essas dolorosas guerras civis que acontecem todo dia em algum lugar? Então o pacífico povo brasileiro não é igual ao resto da Humanidade, e isso jamais acontecerá aqui? Hmpf.

Voltando à notícia: é claro que há homens probos, decentes, corretos e justos no Judiciário brasileiro. Mas seu silêncio diante do que todos sabem acontecer dentro da corporação aponta para fraqueza de caráter, medo e conivência. Os Ministros e juízes são, na prática, pessoas físicas e jurídicas invioláveis, invulneráveis, intocáveis. Não há por que temerem os seus pares. Se os juízes honestos unirem-se, não precisarão temer a ira das organizações criminosas infiltradas em seu meio. Seu dever inescapável é denunciar essas organizações, diminuir seu poder e sua influência e, a cada oportunidade, extirpá-las do seu -- e do nosso -- convívio.