terça-feira, 15 de julho de 2008

No aeroporto

Acordei muito antes do despertador. Bagagem pronta, banho rápido, um breve passeio pelos jornais na Internet e partida. Nem precisava chegar tão cedo ao aeroporto, mas a ansiedade que me move há semanas não pode mais ser reprimida: quero, sim, chegar.

Se bem que deixei tudo para a última hora: arrumei a bagagem na véspera, fui comprar o presente do meu filhote na véspera, documentação na véspera... uma parte de mim nem quer ir, e entendo bem por quê.

Mas vou!

Vou encerrar isso tudo pra começar de novo. Os degraus estão mais altos, as possibilidades de escolha diminuem, mas agora tenho asas (espero) e vou voar com elas.

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Hoje faz um frio infernal (hahahaha) em Brasília. A mesa de mármore, congelada, torna um sacrifício usar o mousezinho (tenho rixa com o tal do "synaptics pointing device", o mouse do laptop, que, de tão besta, nem tem nome, é "device"). A temperatura da corrente de ar que sopra da pista de pouso deve estar muito perto do zero, porque, a essa altura, minhas mãos estão congelando e a melhor maneira de evitar a paralisia é continuar escrevendo...

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Fico pensando nas diversas reações que a minha chegada trará. A melhor de todas será a do meu filhote, que, sem surpresas, ficará, sim, muito feliz em me ver. Os abraços dos manos, a grande satisfação deles, o abraço saudoso da minha mamãe tão querida e que nem curti direito nesses últimos 27 anos... O abraço do meu pai, meu pai.

Mas.

Tem um divórcio no meio do céu. Oro para que tudo dê certo, tudo se resolva bem, tudo fique bem, minha dor fique num canto e morra, ela fique bem, eu fique bem, Vic fique bem.

God willing, vai passar e, dizem os oráculos, eu vou ser feliz... é muito importante, para a sobrevivência dos oráculos, que eles digam coisas assim; e também, irra, é bom ouvir. O que seria da vida sem esperança? Que vivam os oráculos e, como diria Zé Xico Barbixa Magno, venha o que tiver de vir -- desde que seja bom, af!

Jampa, lá vou eu.

sábado, 12 de julho de 2008

Más Allá

Cuando das sin esperar
Cuando quieres de verdad
Cuando brindas perdon
En lugar de rencor
Hay paz en tu corazón

Cuando sientes compasion
Del amigo y su dolor
Cuando miras la estrella
Que oculta la niebla
Hay paz en tu corazón

Mas alla del rencor
De las lagrimas y el dolor
Brilla la luz del amor
Dentro de cada corazón

Ilusión, navidad
Pon tus suenos a volar
Siembra paz
Brida amor
Que el mundo entero pide mas

Cuando brota una oracion
Cuando aceptas el error
Cuando encuentras lugar
Para la libertad
Hay una sonrisa mas

Cuando llega la razon
Y se va la incomprension
Cuando quieres luchar
Por un ideal
Hay una sonrisa mas

Hay un rayo de sol
A traves del cristal
Hay un mundo mejor
Cuando aprendes a amar

Mas alla del rencor
De las lagrimas y el dolor
Brilla la luz del amor
Dentro de cada corazón

Ilusión, navidad
Pon tus suenos a volar
Siembra paz
Brida amor
Que el mundo entero pide mas

Cuando alejas el temor
Y prodigas tu amistad
Cuando a un mismo cantar
Has unido tu voz
Hay paz en tu corazón

Cuando buscas con ardor
Y descubres tu verdad
Cuando quieres forjas
Un manana mejor
Hay paz en tu corazón

Mas alla del rencor
De las lagrimas y el dolor
Brilla la luz del amor
Dentro de cada corazón

Ilusión, navidad
Pon tus suenos a volar
Siembra paz
Brida amor
Que el mundo entero pide mas

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Phone chat

- Hello, Eve?
- Yes?
- It's Norman, how are you?
- Oh, hi, Norm! How are you?
- Fine! Look, I was checking some old papers and ran into one with your phone number on it. I hope you don't mind I'm calling.
- No, not at all!
- Look, I have been thinking about you over the last few days and thought that maybe we could meet tonight and talk a little?
- I - uh - I do not understand... is there any special reason for that?
- Well, the special reason would be you! (just thinking: "OMG I can't believe I just said that")
- ... well, heh, I have a previous arrangement for tonight, but maybe some other time... I will be traveling next Thursday, but...
- I will be traveling by Tuesday too, so maybe we could talk sometime afterwards. Maybe I could call you again when I come back...
- OK, that's fine. See you!
- See you!

Melhor Vinho


Por mais raro que seja, ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente
Aquele que tu bebes, docemente,
Com teu mais velho e silencioso amigo.

Mário Quintana

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Cor do Amor

Minha casa está repleta de amor. Já houve tanto amor aqui dentro que o lugar terá boas vibrações por muitos e muitos anos, sem reabastecimento. Os momentos que não foram de amor foram todos apagados e ficou somente aquela cor dourada das coisas boas.

É aqui que eu vivo.

Este é o meu lar.

Minha casa sente saudades, como eu, da alegria de outros tempos. Mas está cheia de amor, e o amor vai fazer a alegria voltar.

Começar

Nos últimos dezenove meses, levantar da cama tem sido um esforço de otimismo. O sonhos nem me deixam escolher como o meu dia vai começar. O que faço é criar um dia novo pra mim todos os dias, vencendo a saudade, a solidão, o cansaço, o desamor e a vontade de desistir.

Aninha foi o resultado mágico desse não-querer desistir; a consolidação da poeira mística da minha vontade de sobreviver, de me reharmonizar e ficar feliz por mais tempo. Agradeço a ela e à sublime mecânica do Universo pelos maravilhosos presentes recebidos: alegria, afeto, afeição, carinho, ternura, comunhão, dedicação, cuidados, e até amor! Não lhe pude dar muito em troca e fico triste com isso. Deus lhe pague e lhe acompanhe e lhe conduza em Suas mãos!

Meu caminho agora é meu e devo assumir essa responsabilidade -- será a minha primeira vez? Eu já fiz isso muitas vezes antes, quando tinha a vida toda pela frente. Depois do fim dos meus sonhos, e agora que cruzo a fronteira entre chegar e ir embora, a responsabilidade é maior e o caminho está solitário.

O que vou escolher? Como vou viver? Como arrumar tudo isso? Como começar com o que tenho?

Vamos ver. Tenho o bastante para começar. Tenho filhos e pais e irmãos e talvez amigos que dependem de um gesto meu, e a responsabilidade por eles me mantém de pé. Superar a tristeza, vai dar certo. Força!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Pacto de Vida

Ter de resistir à dor, à dor
Sem comprender por que a dor, a dor
Ter de suportar viver a dor, a dor
E sem merecer a dor, a dor

Se é esse o meu destino, quem é o algoz que o traçou
Quem me contaminou
Quem me doou a dor


Homem não existe para ser só animal
A sua história é mais que corporal
Abre o sentido para ter a liberdade
Com todo mundo que é seu igual
e solidário

Pensará...
Amará...
Sonhará...
Saberá...
Que a felicidade da cidade não tem que o mato matar

Aí a dor vai nos unir

O fim da dor começa é assim
É o filho que não para de crescer
A fruta que vai madurar
Aquela mão, aquela paz, morena, é aquele olhar
Que é sempre verde, verdejar
É aquele gesto humano,
É aquela voz humana,
É aquele amor humano, que chega e diz que vai ficar.


(Milton Nascimento e Fernando Brant, Yanomâmi - Pacto de Vida)