quinta-feira, 20 de maio de 2010

Omissão do Estado e Reação Social

O episódio dos festeiros que, com a ajuda do dono do Posto de Combustíveis da 214 Sul, agrediram brutalmente um cidadão que pedia silêncio às 3 da manhã, é representativo de uma das piores faces de Brasília, e que a maculam periodicamente: a dos jovens de classe média que unem-se em grupos para praticar todo o tipo de barbárie, desde incendiar índios adormecidos a espancar garçons em outras cidades, em episódios tão violentos que atraem a atenção do país inteiro e repercutem inclusive em outros países.

A reação ao episódio da 214 Sul também é a cara de Brasília: a população engajou-se em uma campanha de boicote ao posto de combustíveis que, até o dia da agressão, tolerava e encorajava a realização de festas com som alto e bebedeira madrugada adentro, no meio de quadras residenciais.

A omissão do Estado, evidenciada nos depoimentos de todos os brasilienses que reclamam de barulho em postos de combustíveis e bares em áreas residenciais do Plano Piloto, sem que a polícia atenda aos pedidos de ajuda, é também a cara da cidade e, de resto, do Brasil inteiro. Apesar do desperdício de dinheiro do contribuinte que essa omissão representa, a ruptura do contrato social, protagonizada pelo próprio governo, obriga os cidadãos a mobilizarem-se em torno de demandas que acabam por sacudir as autoridades do seu sono letárgico.

Exemplos recentes dessa mobilização foram as manifestações públicas que resultaram na prisão do ex-governador do DF e de alguns Deputados Distritais e sua posterior cassação; o Projeto Ficha Limpa, empurrado goela abaixo de um Congresso apodrecido pela corrupção; e o boicote ao posto da 214 Sul, que já tem blog e página no Orkut.

Brasília tem uma classe média relativamente politizada e educada (no sentido da educação curricular formal), capaz de reagir citadinamente à omissão do Estado, e o faz eventualmente. Mas e o resto do País, repleto de pessoas pobres (e, portanto, sem voz), sem auto-estima e ignorantes dos seus direitos constitucionais? Essas populações enormes acumulam dores e frustrações todos os dias, sendo empurradas gradativa e consistentemente em direção à revolta, cuidadosamente dominada através da instilação diária do conhecimento da sua impotência -- divulgada pela TV através das decisões absurdas tomadas diuturnamente pelo Judiciário e pelo Legislativo contra a sociedade, com o apoio silencioso e ativo do Executivo, em todas as esferas.

Somente essa opressão psicológica separa as camadas mais pobres da sociedade brasileira da estupidez de uma guerra civil, em que os sem-privilégio formem fileiras contra os próprios agentes públicos, que recebem dinheiro da população para protegê-la, dar-lhe educação, saúde e dignidade, e que apropriam-se de tudo isso como se fosse coisa privada.

Todavia, estão instalados os elementos para o messianismo que cria sujeitos como Hugo Chávez, Khomeini, Fidel Castro e outros tiranos que, aproveitando-se de uma população iletrada e psicologicamente adaptada à opressão, realizam sua "revolução" pessoal para em seguida sangrar (literal e economicamente) a sociedade em benefício de seus egos. Esperemos que, no Brasil, esses sejam tempos idos.

domingo, 16 de maio de 2010

Voz de Mulher

Desde que nasci
A voz da mulher
Me embala
Me alegra
Me faz chorar
Me arrepia os cabelos
Me faz dançar
Me cala ressentimentos
Me ensina a amar

Uma mulher cantando nas Antilhas
Uma voz de mulher nos rádios do Brasil
Minha mãe que cantava
Lembrança tão bonita
E as negras americanas
Dos hinos e dos blues

Amor, amor
Me leva esta voz
Nas asas das canções
Eu quero ouvir por toda a minha vida
Uma mulher cantando para mim


(Sueli Costa / Abel Silva, "Voz de Mulher")

terça-feira, 11 de maio de 2010

Banalidade e tabu

Uma matéria publicada na Folha Online na noite de 10 de maio de 2010 chama atenção pela dupla qualidade da ocorrência relatada: sua banalidade e o tabu que a envolve. Eis a chamada, já com o link para a reportagem:

Pedreiro é preso em SP após discutir com a mulher e matar seu cachorro

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o pedreiro --que não teve o nome revelado-- discutiu com a mulher porque ela não o deixava dormir. Nervoso, ele atirou quatro vezes contra o cachorro da família.

Violência doméstica relacionada a brutalidade masculina constituem o lado já banalizado do cotidiano. O que não está na chamada nem na reportagem é, obviamente, o tabu.

Rompendo com alguns paradigmas que me são próprios (a autocensura por medo da repercussão negativa, para começar), resolvi tratar do assunto em tópicos. O que se discute, neste post, é um lado obscuro da violência contra a mulher. Aqui vai:

1) Além de não deixar o cara dormir, a pentelha ainda chamou a polícia pra prender o marido. Quem tem uma mulher assim não precisa ter inimigos.

2) Se a arma ficava no armário da casa, o que impedia a mulher ameaçada de morte de usá-la para também ameaçar o marido? Ou de entregar a arma à polícia? Ou de divorciar-se e ir embora pra longe do marido brutal, ameaçador, pobre e, talvez, até feio?

3) A reportagem não diz que o marido batia na mulher. Nenhuma testemunha declarou isso. A mulher diz que o cara é violento, mas não diz que usa de violência física contra ela. O cara perdeu a cabeça a ponto de atirar no cachorro e, se fosse um desses que ficam batendo em mulher, poderia ter batido ou atirado nela na ocasião, mas, pelo teor da reportagem, não o fez.

4) Pode-se até imaginar o que aconteceu: o pedreiro deixou transparecer alguma pista de relacionamento extra-conjugal, real ou não, ou parou de levar flores, ou ficou no bar até tarde, ou estava muito cansado pra fazer sexo, ou qualquer outro deslize; a mulher resolveu levar o sujeito à loucura falando sem parar; o cara começou a reclamar em voz alta que queria dormir; o cachorro (como acontece com qualquer cachorro) começou a latir feito louco durante a discussão em voz alta entre seus donos; o cara deve ter dito alguma besteira sobre o cachorro, a mulher disse que ele não era homem pra fazer aquilo, o idiota caiu na armadilha e provou que era homem e imbecil; e a mulher pôde vingar-se e dormir em paz.

5) Não faço a menor idéia de como seria exercida a plena justiça num caso cotidiano como esse (embora nem todos os casos tenham o mesmo clímax). Sei que meu comentário é politicamente incorreto e agride a mentalidade feminina mais ingênua e vai levantar protestos por parte dos "homens cordiais" que se borram de medo das mulheres. Vão dizer que eu defendo a agressão à mulher (não defendo), que eu sou machista (não sou), que provavelmente não sou um cavalheiro (sou sim) e que devo ter sido rejeitado por alguma mulher, o que me deixou traumatizado (pode até ser, sei lá). Mas há que se respeitar as diferenças entre os gêneros. A psique masculina é naturalmente agressiva, teve que ser, para proteger a espécie durante milhares de anos. A psique feminina é naturalmente ardilosa, em substituição à natural ausência de força física -- teve que ser, para proteger os filhotes contra criaturas cheias de manhas, como cobras, chacais, hienas, tigres, insetos e sabe-se lá o que mais, durante as prolongadas ausências dos homens em suas caçadas e guerras, por milênios e milênios, e mais ainda para fazer face à competição com outras mulheres. É fácil, para uma mulher, manipular um homem, e todo mundo sabe disso. Se uma mulher quiser, pode conduzir um ou um bando de homens docilmente, a vida inteira, na palma da mão. Se quiser, também pode levá-los a cometer as maiores bobagens, como a História está careca de demonstrar: é só usar os atributos naturais do homem contra ele mesmo. E isso é crime? Só quando o feitiço vira contra a feiticeira. Ou contra o coitado do cachorro, esse sim, desprovido de livre-arbítrio e incapaz de subtrair-se às forças primordiais da Natureza.

sábado, 8 de maio de 2010

Roriz de novo não

Ótimo Blog, com a biografia que realmente interessa e novidades sobre a probidade administrativa do ex-senador e ex-governador Joaquim Roriz.


Como o bendito Google-analytics não me deixa alterar o layout do meu próprio blog, vou por o link nesta postagem, por enquanto.