sábado, 17 de maio de 2008

A Ilha

O chato do amor é que vicia. Se você se habituou a viver rodeado(a) de amor, nunca mais vai querer viver de outra maneira. A saudade é um tipo de fome.

Ah! Quem me dera ir-me contigo agora
A um horizonte firme -- comum, embora!
Ah ! Quem me dera amar-te sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar que nem presumes!...

Ah! Quem me dera ver-te sempre ao meu lado
Sem precisar dizer-te, jamais: "cuidado"!
Ah! Quem me dera ter-te, como um lugar
Plantado num chão verde para eu morar-te!

Ah! Quem me dera ter-te,
Morar-te até morrer-te.

(Vinicius de Moraes, "O Mais-que-Perfeito")

Como não dá pra simplesmente desplugar e ainda há agravantes como o karma, depois que o mar secar e você perceber que não existe ilha e mar, somente ilha, provavelmente a melhor coisa a fazer é procurar mais amor. Aí começa o perigo: há gradações de amor e, pra piorar, há também quantidade! Claro que um amor dos bons suplanta todo o resto e faz desaparecerem mar e ilha, e tudo se torna amor. Mas isso já é um absurdo e um excesso, que todos nós já provamos (azar de quem não provou, porque é bom!), mas do qual não queremos uma segunda dose. Ah, ok, tá bom, queremos sim.

Voltando ao perigo: eu acho que nenhum amor começa em sua plenitude. Vai crescendo. E é muito bom ter paciência quando for buscá-lo de novo, porque dificilmente o novo amor vai ter de imediato o mesmo sabor, a mesma abrangência e causar o mesmo pulsar, no corpo todo e na mente, que aquele outro, excessivo (bah), causava.

Em suma: nada de estragar o novo amor (seja lá a que for!) com desapontamentos derivados de expectativas imprudentes.


U2 - "Window in the Skies"

Falando de amor, aproveitei pra me vingar do U2, que proibiu que o YouTube permitisse (afe, nunca mais direi uma coisa dessas) a incorporação desse vídeo inacreditável. Taí, inseri no meu blog. Vão encarar? Amo vocês, nem que seja à força!!!

O exótico parágrafo acima (esse aí, sobre o U2) traz à luz sentimentos como vingança, opressão, ciúmes e violência, que têm sido espertamente vinculados por alguns ao amor, mas que estão mais para a satisfação do ego do que da alma -- e que, portanto, guardam uma distância infinita do verdadeiro amar.

Amar, como eu já disse, deve ser limpo, transparente, correto, justo e, se possível, perfeito.