terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Babilônia

Quatro reportagens publicadas nos jornais de hoje foram ilustradas por imagens muito semelhantes. São fotos feitas na Alemanha, em São Paulo, em Porto Príncipe e em Bagdá. Todas mostram prédios e casas destruídos, escombros por toda parte, pessoas desesperadas.

Nos três primeiros casos, as causas dos desabamentos foram naturais: na Alemanha e em São Paulo, as chuvas causaram estragos em vários locais com risco de deslizamentos de terra; em Porto Príncipe, dois terremotos seguidos provocaram uma tragédia de proporções inimagináveis, terminando de destruir um país já combalido pela miséria extrema a que o levaram seus governantes.

Em Bagdá, outrora capital mundial de tudo quanto era bom, culto, avançado e bonito, não existem terremotos ou deslizamentos de terra. Pra conseguir um efeito semelhante, chega alguém, grita o nome de Deus e explode, levando consigo famílias inteiras, prédios, hospitais, templos, escolas e o que lhes der na telha.

Imagino a decepção desses "mártires" ao descobrirem, do outro lado, que não há mil virgens esperando por cada um. O que é de lascar é que o fundamentalismo muçulmano vai continuar ainda por muito tempo ensinando aos jovens descendentes dos caldeus e babilônios que morrer com o nome de Alá nos lábios é bom, mas que levar junto vários infiéis é ainda melhor. E essa tragédia vai continuar repetindo-se por muitos e muitos anos, até que, por fim, sejam compensadas não apenas essas mas todas as outras barbaridades cometidas contra a humanidade por assírios, hititas, sumérios, medos, persas e outros povos da antiga Mesopotâmia.

Imagina o tempo que isso vai levar.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Não desliga


"There is no off position on the genius switch".


(a frase é de David Letterman, e aparece ao final de um deboche sobre o vaivém envolvendo Jay Leno e Conan O'Brien na NBC. A frase é genial; o sarro tirado por Letterman em cima dos concorrentes é impagável.)


sábado, 9 de janeiro de 2010

Après Le Bâton, La Carotte

"Dizem que a Nova Era
Trará algo de bom pro mundo inteiro
No jornal da TV
Mais um homem recua
por dinheiro"

(Djavan, "Baile")


Depois do cinematográfico evento envolvendo pacotes de dinheiro, peças íntimas, bolsas, envelopes e artigos de panificação, o governador José Roberto Arruda tem frequentado os noticiários em cadeia, ops, em rede nacional, exibindo um amplo sorriso. É possível que, sem dinheiro, não sorrisse tanto.

Nada contra o fato de as pessoas enriquecerem rapidamente. O que incomoda é ver o sorriso cheio dos nossos impostos no rosto de um homem que burla, jura pelos filhos, chora, volta atrás, recebe dinheiro de origem inexplicada, diz que é pra comprar panetones para os pobres, chama tudo isso de "crise" e sorri ao dizer que perdoa a seus inimigos, para que ele também possa pedir perdão pelos seus próprios pecados.

A OAB/DF silenciou. O outrora combativo Correio Braziliense fez e faz o que pode para não publicar nada. O TCDF olha pro outro lado e assobia. O TJDF finge que não tem nada a ver com isso. A polícia ataca ferozmente quem se atreve a protestar. Falando assim, até parecem os tempos da ditadura. A diferença é que, agora, o perdão amplo, geral e irrestrito concedido pelo governador faz com que todos se calem diante da enormidade dos favores que recebem ou que poderão vir a receber.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Última Guerra Mundial

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse na segunda-feira que os EUA acreditavam que novas sanções eram necessárias para pressionar o Irã e sua Guarda Revolucionária a suspender o programa nuclear sem prejudicar a população.

No entanto, Rússia e China já anunciam sua disposição de vetar as sanções a serem propostas pelos EUA no Conselho de Segurança da ONU.

Chegam aos nossos ouvidos notícias de que os aiatolás iranianos já disseram, mais de uma dúzia de vezes, que pretendem "riscar do mapa" o Estado de Israel. Ahmadinejad, nas mãos dos aiatolás, diz o mesmo. Ninguém nega que o Irã tem auxiliado todos os esforços militares e terroristas envidados contra Israel. E parece ser ingênuo acreditar nas alegadas "intenções pacíficas" do programa nuclear iraniano -- ou desacreditar das notícias relacionadas a um incidente envolvendo o contrabando de componentes utilizados para a construção de bombas nucleares.

Obviamente, cada país do Ocidente pensa em como fazer para neutralizar rapidamente o programa nuclear do Irã, para que a celeuma e os riscos deixem de existir. Ninguém quer ver bombas atômicas nas mãos de um país instável e governado por religiosos propensos ao martírio dos seus fiéis.

Por outro lado, a Rússia não quer os EUA instalados no Irã (briga antiga: seria algo como a Rússia instalar-se no México). À China interessa que os EUA se enfraqueçam num enfrentamento político/diplomático prolongado contra a Rússia (hoje guarda-costas do território chinês), enquanto ganha tempo para susbtituir a finada União Soviética em uma situação bipolar com os norte-americanos. Vão tergiversar até que talvez seja muito tarde para controlar o Irã. E Israel não vai ficar só olhando e chupando o dedo.

Os possíveis cenários futuros, para além dos esforços diplomáticos, incluem uma guerra global, que poderá ter início quando o Irã e Israel se agredirem militarmente, arrastando as potências ocidentais a um conflito armado contra a Rússia e a China -- e contra coisas como "Eixos do Mal" e congêneres.

Considerando a ocorrência de um evento dessas proporções, é até otimista dizer que a Quarta Guerra Mundial será travada utilizando-se paus e pedras.