(ver primeiro o Capítulo I) Kate não tinha forças para soltar-se do meu abraço, e parecia não notar o garfo de prata, que tanto me assustara, os tons de rosa multiplicados em pequenos pontos onde o metal pressionava sua pele.
A pequena Cathy assistia calada, o medo nos olhos, àquele abraço que misturava a esse mesmo medo a dor, o desamor, o desamparo, a frustração da alma violentada, a absoluta impotência diante da força muda que deveria ser a nossa protetora e não a nossa tirana. Pobre Cathy, sua pequena dor permitir-se-ia despir através daquele pobre olhar?
A fúria que desencadeara aquele momento terrível se fora; levara consigo toda a resistência da boa Kate, e deixara uma mulher preenchida por uma profunda tristeza.
Eu continuava abraçando-a, confortando-a com minhas próprias mãos claras, a voz meiga e terna, as carícias de irmã nos cabelos sedosos e no pescoço delicado, nossas almas igualmente abraçadas no torvelinho daqueles sentimentos todos.
Os soluços diminuíam, e Kate agora também me abraçava, aquecendo-se na ternura que se irradiava.
Voltei a cabeça devagar e pisquei um olho para a querida Cathy, agora minúscula em sua camisolinha de algodão, sentada meio encolhida sobre o grande balcão de mármore. Ela sentiu-se reconfortada com o meu sorriso, e suas mãozinhas ergueram-se como sonhos no ar, seus braços um laço suave de seda, transportando doces sonhos pela pele rosada dos braços de Kate, por sua cintura, a melodiosa voz um sussurro como o de um riacho, as consoantes como pedrinhas movendo-se aos poucos com a correnteza.
A chuva cessara, deixando o ar limpo como cristal polido. As filas de lâmpadas acesas entre as árvores acendiam e brilhavam à medida que eu as percebia, refletindo-se em centenas de gotículas amarelas, no chão, nas folhas e no ar.
A chegada do velho John, com a esposa e a filha, trouxe nosso mundo de volta. O velho John era um homem bom, mas era o que era: um homem. As lágrimas das mulheres eram, para ele, tão inexplicáveis como aquele orvalho lá fora: naturais, algo para merecer tanta atenção quanto o fato de chover hoje ou amanhã. As mulheres -- Ellena e a pequena Amy -- tinham todas os mesmos olhos assustados de Cathy.
Dain entrou na cozinha, com seus passos fortes e sua impressionante vitalidade, riu de Kate e das "pequenas lamentações" da esposa, acariciou-a levemente e levou os vizinhos para o pátio já quase seco, a fogueira agora iluminando sem fumaça, as alegres risadas do acordeon elevando-se com graça no ar cintilante que refletia as primeiras estrelas.
A pequena Cathy assistia calada, o medo nos olhos, àquele abraço que misturava a esse mesmo medo a dor, o desamor, o desamparo, a frustração da alma violentada, a absoluta impotência diante da força muda que deveria ser a nossa protetora e não a nossa tirana. Pobre Cathy, sua pequena dor permitir-se-ia despir através daquele pobre olhar?
A fúria que desencadeara aquele momento terrível se fora; levara consigo toda a resistência da boa Kate, e deixara uma mulher preenchida por uma profunda tristeza.
Eu continuava abraçando-a, confortando-a com minhas próprias mãos claras, a voz meiga e terna, as carícias de irmã nos cabelos sedosos e no pescoço delicado, nossas almas igualmente abraçadas no torvelinho daqueles sentimentos todos.
Os soluços diminuíam, e Kate agora também me abraçava, aquecendo-se na ternura que se irradiava.
Voltei a cabeça devagar e pisquei um olho para a querida Cathy, agora minúscula em sua camisolinha de algodão, sentada meio encolhida sobre o grande balcão de mármore. Ela sentiu-se reconfortada com o meu sorriso, e suas mãozinhas ergueram-se como sonhos no ar, seus braços um laço suave de seda, transportando doces sonhos pela pele rosada dos braços de Kate, por sua cintura, a melodiosa voz um sussurro como o de um riacho, as consoantes como pedrinhas movendo-se aos poucos com a correnteza.
A chuva cessara, deixando o ar limpo como cristal polido. As filas de lâmpadas acesas entre as árvores acendiam e brilhavam à medida que eu as percebia, refletindo-se em centenas de gotículas amarelas, no chão, nas folhas e no ar.
A chegada do velho John, com a esposa e a filha, trouxe nosso mundo de volta. O velho John era um homem bom, mas era o que era: um homem. As lágrimas das mulheres eram, para ele, tão inexplicáveis como aquele orvalho lá fora: naturais, algo para merecer tanta atenção quanto o fato de chover hoje ou amanhã. As mulheres -- Ellena e a pequena Amy -- tinham todas os mesmos olhos assustados de Cathy.
Dain entrou na cozinha, com seus passos fortes e sua impressionante vitalidade, riu de Kate e das "pequenas lamentações" da esposa, acariciou-a levemente e levou os vizinhos para o pátio já quase seco, a fogueira agora iluminando sem fumaça, as alegres risadas do acordeon elevando-se com graça no ar cintilante que refletia as primeiras estrelas.
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