segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Batman no Brasil

Uma leitora da Folha de SP postou a seguinte frase, mistura de pergunta e apelo, abaixo de uma reportagem noticiando mais um assalto a joalherias em shopping centers da capital paulista: -"Cadê Batman?"

Outro leitor perguntou se era pra rir.

Batman é um símbolo de justiça sendo feita sem que o agente necessariamente prenda-se às amarras da Lei, mas sem que se cruze a fronteira entre o combate ao crime e o crime propriamente dito (a ruptura do contrato social).

Quando se clama por Batman, pede-se a desobstrução dos caminhos que levam da Lei até a Justiça, e isso passa pela limpeza não apenas do Judiciário, mas do Legislativo (principalmente) e também do Executivo. E, claro, pela óbvia necessidade de mobilização social organizada.

Pôr o Batman a serviço de qualquer político é uma temeridade, daí o emaranhado de Leis e ritos jurídicos presentes nos Estados democráticos: eles são um freio à plena aplicação da justiça; mas são, principalmente, uma salvaguarda contra o totalitarismo -- o que, sabemos na pele, não impede a ação de pequenos Napoleões em momentos de crise social.

Assim, uma bandeira que gostaríamos muito de ver nos palanques, neste momento em que a sociedade brasileira adquire, através das dores da experiência, conhecimento de sua situação de sitiada, é a do pleno cumprimento do contrato social: eu, cidadão, entrego minhas liberdades ao governo e recebo, em troca, justiça -- rápida, plena e incontestável.

Não é o caso de rir.

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