Luciana Saddi, blogueira da Folha de S. Paulo, abordou em seu blog o tema da violência exercida pela mulher contra o homem. Tabu de dois gêneros, o assunto é tratado com timidez e de forma ainda incipiente. Eu mesmo tentei, outro dia, escrever sobre isso. Meu post, publicado também nos comentários da Folha Online, incluiu muita coisa que ninguém quer discutir e foi duramente criticado por quase todas as mulheres que tiveram acesso ao texto (nenhum homem se manifestou contra ou a favor). Fui acusado de estar "de mal " com as mulheres, de ser machista, retrógrado, supersimplificador e ouvi tudo o que era de se esperar. Como meu comentário (intitulado "Banalidade e Tabu") incluía mesmo algum irrefreado machismo, cheguei a removê-lo do blog, mas ei-lo reabilitado pela coragem da jornalista.
O texto de Luciana tem suas pinceladas de feminismo e expõe a mágoa contra a dominação masculina, mas já é um bom começo para tratar do assunto. Uma discussão séria, ainda que provavelmente apaixonada, desse tema, poderá iniciar um movimento que eventualmente venha a sanar as graves injustiças cometidas diariamente contra o gênero masculino pelas sociedades modernas.
Segue a análise da escritora, psicanalista e blogueira Luciana Saddi.
Quando falamos em violência nos referimos a uma das formas de exercer o poder. A violência física, o terror, o estupro, a tortura, o cativeiro e o aprisionamento sem julgamento são formas históricas de dominação. As mulheres não tiveram muitas chances de exercer o poder dessa maneira, foram mais vítimas do que algozes, porém desenvolveram formas disfarçadas de praticar a violência no âmbito que lhes foi permitido participar. No âmbito familiar por meio do controle da casa, das rotinas e dos filhos - os abusos cometidos contra crianças merecem um capítulo a parte. A situação de dependência aumenta a vulnerabilidade ao exercício do poder: quem estiver com mais medo se colocará e será colocado mais rapidamente na posição de vítima.
Mulheres envenenam com palavras. Atingem o calcanhar de Aquiles de seus homens, intuitiva ou propositalmente, ao colocá-los em posição de jamais satisfazê-las. Também provocam a competição de seus parceiros com outros homens: – fulano de tal tem um supercarro e me telefonou ontem! Manipular por meio da culpa e da pena é uma das armas infalíveis dessa guerra. E cada um usa as armas que tem.
Se há complementaridade na violência doméstica contra mulheres, quando as vítimas fazem conluios inconscientes com maridos e namorados, há também um conluio dos homens que se tornam vítimas das mulheres, pois se colocam em missões impossíveis de realizar como: satisfazer completamente a esposa e os filhos. Também quando não conseguem evitar algum desafio ou competição com outro macho, propostos, mesmo que inconscientemente, por uma mulher de seu interesse.
Porém quantos homens não se sentem vítimas do poder sexual de uma mulher? A provocação sexual, a recusa ou esfriamento são instrumentos extremamente poderosos nas mãos delas. Muitas vezes elas nem sequer precisam jogar os jogos de poder usuais, alguns homens são tão vulneráveis e odeiam tanto o poder de excitação do corpo feminino que apedrejam, estupram e matam".
Luciana Saddi é psicanalista e escritora. Foi titular da coluna "Fale com Ela", publicada na Revista da Folha.
5 comentários:
A paz somente será selada entre homens e mulheres neste quesito(e em vários outros, eu diria)quando ambos gêneros reconhecerem suas imperfeições e abracerem a causa de serem melhores, e se libertarem de fantasmas emocionais e psicológicos pessoais do passado que assombram o presente.
Será preciso, ainda, maior responsabilidade no uso do poder de cada gênero. Repressão com treinamento até a maturidade é uma opção. Por favor listem outras.
O tema é muito interessante. Poderia ser focado com isenção, sem que o componente feminista jogasse um peso maior sobre a incontesti agressividade masculina. Históricamente esse tipo de violência acontece e só é divulgado quando resulta em crueldade extremada, como, por exemplo, o "CRIME DA MULHER DE BROTAS". O crime foi manchete de jornais: a mulher cortou o pinto do marido. Este, escapou com vida e, um ano depois do ocorrido ele convida a sua agressora para reatarem a relação e combinaram um encontro. Encontraram-se, mas o homem praticou o ato extremo de violência contra a ex-mulher, matando-a com uma facada. Chocante, não é mesmo! Bizarro. Só de imaginar uma mulher cortar meu pinto eu me apavoro. Minha mulher já me fez muitas ameaças idênticas. Pois bem, outras modalidades de violência são praticadas pela mulher, contra o homem, tipo: jogar àlcool, ou gasolina no corpo do marido e depois atear fogo. Jogar ácido é prática de ambos os sexos. Mulheres, geralmente agridem verbalmente (chama de veado, corno, drogado, prostituído, verme,burro...) depois jogam objetos, em um verdadeiro quebra quebra. Tem agora aquelas que jogam capoeira, praticam artes marciais e box, e,os pobres maridos tomam mesmo porrada. Para evitar gozações machistas, o caso fica entre paredes. O homem que não é agressivo suporta estes tipos de relação doentias. Mas o amor é louco e faz a gente cometer loucuras, não é mesmo? levar um ponta pé, um beliscão, tomar bofetadas, ser chamado injustamente de canalha e por ai vão as mais variadas formas de agressão. O assunto é tabú ! Imaginem um delegado, um juiz, ou desembargador sofrendo todos os tipos e modalidades de ameaças e agressões... Tem uma nova modalidade de violência que cresce: a dos filhos contra os pais e avós. Particularmente creio que se os homens fossem contar o que suas parceiras cometem, chegariamos a um consenso de que a violência domestica é tema complexo, não tem sexo, embora o homem, em suas agressões, cause hematomas na mulher. Mas não existe um único caso de vagina cortada, felizmente. O corte é natural. O homem não bate na vagina; a mulher soca e chuta os "ovos". Homem não dá vassourada, nem panelada, mas recebe. Sou defensor das mulheres, mas tenha dó: cortar o pinto, atear fogo, jogar ácido na cara, dar uma facadinha, ou um tiro de revolver, acontece. Existem registros. O machismo impede os homens de falar abertamente sobre o tema. É como o corno que leva chifrada e goza o corno envergonhado. Agora vamos e venhamos, as mulheres estão ficando cada vez mais violentas e agressivas.
Particularmente muito me preocupa esse lance das mulheres ameaçarem seus parceiros dizendo que vai cortar o pinto da gente. Isso é terrorismo feminino. Agora, se uma mulher me agredir, não reagirei de modo algum e, confesso, ficaria envergonhado de dar uma queixa. A gente vira piada se fizer isso. Quem sabe acaba nas manchetes de jornais? Perdão pelos erros que o revisor acusa e o tempo não me permite corrigir. Parabéns a autora do artigo e parabéns pra você, cara, que é um homem corajoso. Pena que tenha sido vitimado pelo feminismo e tenha tirado seu texto do Blogue. Volte a publica-lo e deixe quem quiser falar. O importante é suscitar adiscussão sobre o tema, sem a velha ótica machista, ou feminista.
Para o anônimo digo: é muito dificil para uma mulher admitir qualquer imperfeição e os tais "fantasmas emocionais" nos perseguem desde que a mulher foi inventada. Imagine a situação de ADÃO, quando posto diante de EVA. Cara, ele optou por EVA e perdeu o paraíso. Pois é, as mulheres são, realmente, colossais. Prefiro apanhar calado, dar minhas pitocadas legais... Chato é apanhar de mulher feia que não tem atrativo algum para nos deixar morgados. Viva as mulheres que são pacificas e gostam de amar e serem amadas. Violência é pra quem não tem nada na cabeça!
A mulher não exerce poder?E os casos de violência contra animais domésticos,em que a maioria é praticada por mulheres?Como fica?E as próprias crianças apanham constantemente mais de suas mães.
Realmente, Victor, a violência doméstica praticada pelas mulheres contra crianças é uma questão que merece atenção. Na discussão específica sobre a violência contra os homens, as crianças são frequentemente utilizadas pelas mães como elemento de retaliação ou chantagem. Algo que se deve ter sempre em mente é que a Humanidade, como Homo sapiens, é ainda muito recente, quando comparada, por exemplo, a cães, gatos e outros animais. Nós ainda estamo-nos definindo como um tipo de animal que depende mais do conhecimento assimilado do que da carga genética para sobrevivência. Assim, é natural que os impulsos básicos para manutenção da vida estejam ainda muito presentes no nosso cotidiano: a necessidade onipresente de copular e de segurança obriga a mulher a buscar parceiros sexualmente muito ativos e que tenham condições materiais de mantê-la e à prole, criando conflitos de ordem social e religiosa quando esses dois elementos não estão num mesmo homem. Desse conflito resulta insatisfação, o que pode levar a cobranças mais ou menos violentas e a reações mais ou menos óbvias e presentes nas páginas dos jornais. Para os casais humanos, diferentemente dos demais animais, há duas possibilidades de vida: a imposição plena da lei da selva, com "o macho adulto branco sempre no comando" (como disse Caetano Veloso) ou a evolução até um estágio em que gênero, idade e cor da pele sejam menos relevantes que o respeito por si e pelo outro e as capacidades individuais de convivência.
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