"É tão bom quando tudo dá certo"-Zé Renato e Ana Terra, "Quando Tudo Dá Certo"
No início eram os posts, e os posts estavam às centenas ao final das reportagens sobre as autoridades do Distrito Federal envolvidas no Panetonegate. Depois foram diminuindo, tornaram-se dezenas e, por fim, só alguns. Hoje abro os novos artigos dedicados ao tema e não vejo mais um único post no final. É que as reportagens agora falam de prisões, expulsões, cassações, abertura de novos processos, vergonha, execração pública dos acusados.
Ou seja, as pessoas acham que o bem, finalmente, venceu. Que esses criminosos, pelo menos esses, serão punidos como devem sê-lo. E, quando as coisas caminham bem e seguem seu curso natural (o curso "do bem"), supõe-se que não há necessidade de mais posts.
Todavia, misteriosas e várias são as razões que impulsionam os homens públicos. Parece que, na esfera federal, por quaisquer motivos, por ora Arruda e seus cúmplices não têm amigos dispostos a sacrificar-se por eles. Mesmo as divinas criaturas que compõem o colegiado dos tribunais superiores, e que podem,sem temer absolutamente nenhuma consequência, tomar a decisão que lhes vier à telha, ou não tomar decisão nenhuma, parecem inclinadas a punir exemplarmente os outrora também poderosos governadores, deputados, secretários e ministros do Distrito Federal que tiveram a infelicidade de ter divulgadas imagens que mostram como são suas caras quando não estão nos palanques.
Pra dar certo mesmo só falta mostrar imagens dos outros que ainda não foram apanhados. Pessoas que já tiveram de renunciar a seus mandatos às pressas, e que agora dizem "meu Deus!" ao apontar o dedo contra os podres dos outros, na esperança de que as grandes favelas de gente simples ao redor do DF as protejam do seu histórico obscuro e as reelejam.
Não podemos esmorecer. Se quisermos, poderemos, sim, construir uma forma de governo que respeite o contribuinte, a partir da compreensão do que significa a expressão "servidor público" -- atualmente uma criatura que desacata e desrespeita, quando não desdenha e humilha, acintosa e impunemente, a seus patrões -- o público ao qual deveria servir.
Que os posts chovam sobre as declarações dos aspirantes ao poder que vem junto com o cargo público, e lavem a sujeira do meio dos homens de boa vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário