"O governador [em exercício, Paulo Octavio] quer mostrar para o Ministério Público Federal que o pedido de intervenção é fora de propósito. As escolas estão funcionando, a saúde está funcionando. A crise é grave, é política, mas para a população não está acontecendo".- Secretário de Comunição do DF, André Duda, em 19/02/2010.
Com o governador Arruda preso pela Polícia Federal a mando do STJ, juntamente com mais oito dos seus deputados, secretários e assessores, "para garantir a manutenção da ordem pública" após um clamor popular tal que os três poderes do Distrito Federal não conseguiram sufocar nem mesmo a golpes de cassetete, a frase do secretário André Duda revela o colossal distanciamento entre os políticos e a realidade.
Se puderem, alegarão insanidade ao responder por seus crimes. E todas as evidências serão apenas favoráveis à hipótese.
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Todo mundo sabe mas, para conhecimento do secretário (e do governador), informo: a arrecadação de impostos em Brasília é o dobro da de Recife, de Belo Horizonte, de Porto Alegre, de Salvador; e o triplo ou quádruplo de qualquer outra capital brasileira. Só perde para o Rio e São Paulo. Tudo isso com uma população menor, sem ter um pólo industrial, com uma agricultura inexpressiva, sem pecuária que mereça o nome, sem porto, sem exportação. A estupenda arrecadação de IPTU, ICMS, ISS e de radares eletrônicos explica o milagre.
Entretanto, as escolas públicas funcionam graças à abnegação de diretores e professores mal pagos e com a ajuda financeira adicional dos pais dos alunos; e vá procurar atendimento no HRAN ou em qualquer, mas qualquer, qualquer hospital público (excetuando-se o SARAH) pra ver como anda a saúde.
Ressalte-se que, em Brasília, apesar dos desvios promovidos por fatia expressiva, senão pesadamente majoritária, dos governantes e administradores públicos locais, os serviços essenciais ainda são melhores que no resto do País. Os corruptos daqui simplesmente não têm o tempo necessário para comer tudo antes que chegue mais. Sem eles, a expectativa de vida da população daria um salto e a criminalidade sem colarinho poderia chegar perto de zero.
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