quarta-feira, 2 de julho de 2008

Pacto de Vida

Ter de resistir à dor, à dor
Sem comprender por que a dor, a dor
Ter de suportar viver a dor, a dor
E sem merecer a dor, a dor

Se é esse o meu destino, quem é o algoz que o traçou
Quem me contaminou
Quem me doou a dor


Homem não existe para ser só animal
A sua história é mais que corporal
Abre o sentido para ter a liberdade
Com todo mundo que é seu igual
e solidário

Pensará...
Amará...
Sonhará...
Saberá...
Que a felicidade da cidade não tem que o mato matar

Aí a dor vai nos unir

O fim da dor começa é assim
É o filho que não para de crescer
A fruta que vai madurar
Aquela mão, aquela paz, morena, é aquele olhar
Que é sempre verde, verdejar
É aquele gesto humano,
É aquela voz humana,
É aquele amor humano, que chega e diz que vai ficar.


(Milton Nascimento e Fernando Brant, Yanomâmi - Pacto de Vida)

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