A edição eletrônica d'O Globo de hoje pergunta: "Por que corrupção não dá cadeia no Brasil"?. E informa:
"De escândalo em escândalo, o Brasil se acostumou a ver dinheiro em malas, meias e cuecas - como nos recentes mensalões do PT e do DEM. Mas a marca dos escândalos brasileiros é a impunidade. Segundo reportagem de Evandro Éboli, publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO, levantamento da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) revela que, das ações contra autoridades no Superior Tribunal de Justiça (STJ), 40% prescrevem ou caem no limbo do Judiciário.No Supremo Tribunal Federal (STF), o percentual é de 45%. As condenações de autoridades são apenas 1% no STJ - muitas convertidas em penas pecuniárias irrisórias - e inexistem no STF. Desde que foi criada, há 17 anos, a Lei de Improbidade Administrativa condenou 1.605 pessoas".
Nos regimes totalitários, a corte faz o que bem entende e a corrupção grassa em todos os níveis, minando as riquezas e o poder das pessoas comuns.
A democracia foi idealizada pelos antigos gregos justamente para combater ou evitar um estado de coisas em que os piores da raça tivessem meios de aproveitar-se dos demais. Entretanto, a democracia só funciona se for feita pelo povo. Senão, vejamos:
- Obrigando as pessoas a votar, seja lá em quem for, o Estado garante a eleição de políticos que absolutamente não representam a vontade popular.
- Criando trâmites obscuros e formalidades subjetivíssimas (que podem ser invocadas conforme o freguês) para a condução de processos no judiciário, o Estado bloqueia o acesso do cidadão comum à justiça.
- Decidindo arbitrariamente onde os recursos amealhados ao povo serão aplicados, o Estado cria situações de dependência e simbioses nocivas ao processo democrático.
Com esses três procedimentos extingue-se a chama da democracia e cria-se novamente um estado totalitário, mas sem cara nem coragem de admiti-lo. A falsa democaracia, que é essa que se vive no Brasil, não passa de um malandro mau-caráter, cara de pau e ladrão, vestido de cidadão, para inglês ver.
Enquanto isso, em prol da manutenção dos palácios, distribui-se panetones e telenovelas.
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A propósito, novamente aproveito a inspiração alheia e insiro um delicioso texto do jornalista Heitor Diniz, de BH, publicado no seu blog "Crônica Política" em 8/1/2010. Degustem:
Arruda, profético, em 2001: "talvez o preço maior ainda não tenha sido totalmente saldado"
Você prefere o Arruda chorão de 2001...
... ou o fanfarrão de 2010?
Você, caro leitor, na certa assistiu ao debochado pedido de desculpas do (des)governador do Distrito Federal e mega-investidor da indústria de panetones, José Roberto Arruda, ontem, pela televisão.
Como certos políticos (e políticos incertos) têm o poder de sempre superar o limiar do escárnio, o bicampeão nacional de defenestração partidária, dessa vez, tinha um ridículo risinho de ironia no canto da boca, para dizer que perdoava os que o criticaram, a fim de alcançar o direito de ser perdoado.
Um fofo, não é mesmo?
Mas o que havia, de fato, atrás daquele patético gracejo, era a certeza da impunidade.
A bem da verdade, Arruda não poderia mesmo repetir a dose do choro, como fez em 2001, ao “pedir penico” no Senado Federal, depois de ter participado da violação do painel da Casa, de ter mentido que era inocente... e após ver a sua batata esturricar.
E olha só, caro leitor, como Arruda foi profético no lamurioso discurso de despedida do Senado, há quase nove anos: “... não roubei, não matei, não desviei dinheiro público [ainda, eu diria], mas cometi um grande erro, talvez o maior da minha vida. No primeiro momento, não percebi sua extensão [alienação conveniente]. Tentei negá-lo, Sr. Presidente [mentira evidente], e esse foi outro grave erro. Estou pagando caro por isso, um preço muito alto, MAS TALVEZ O PREÇO MAIOR AINDA NÃO TENHA SIDO TOTALMENTE SALDADO”.
E você? De qual Arruda “gosta” mais? Do chorão de 2001... ou do fanfarrão de 2010?
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