sábado, 29 de março de 2008

Amigos

Desde quando me lembro, sempre tive multos numerables amicos. Os primeiros foram meus primos: Paulo, companheiro de muitas descobertas e de muitas afinidades; e Pinto, com quem desbravava os quintais em Mamanguape. Na escola primária tinha Augusto, que me parece ter sido meu primeiro amigo que não era um parente. Ele era neto da diretora e, durante algum tempo, eu pensei que o nome da escola (Escola Particular Augusto dos Anjos) se devesse a ele.

Depois, no Pio XI, fiquei amigo de um garoto cujo nome eu nunca soube realmente. Ele sabia o meu, e eu tinha vergonha de perguntar: achava que tinha obrigação de saber o nome dele. Fiquei chamando de 51, que era o número dele na chamada. Éramos ambos retardatários e ficamos no fim da lista. Meu número era 55. Ele era um dos sujeitos mais legais que já conheci.

No CECA comecei a fazer uma quantidade maior de amigos. Vou tentar enumerar alguns: havia Luciano, com quem eu trocava golpes de judô e karatê no horário do intervalo, rolando no chão aos apertões, socos de mentirinha e alguns pontapés. Era um amigão, sujeito bem-humorado e de grande espírito esportivo. Foi com ele que fui pela primeira vez ao teatro, fazer um teste para ator, que não deu lá muito certo.

Havia os rapazes que lideravam o movimento no colégio, e que me aceitaram entre eles -- penso que nem tanto pela minha habilidade atlética, mas principalmente pela minha incomum generosidade durante as provas e disponibilidade total para compartilhar conhecimento. Lembro agora de Robson, Zaqueu, Wanderley e Roginério; das gêmeas Glória e Gorete, Valéria, Gêneva e uma amiga que perdi por haver dado um chega-pra-lá num guri chato que depois soube ser irmão dela. Ah, e Zé Carlos, que tinha um bruta som e morava perto do colégio. Fiquei amigo de alguns dos amigos do meu primo Paulo, como Clóvis, e chegamos a formar uma banda de rock chamada NoPloCló (hahahahahahaha) que dispunha de um baixo feito de isopor, uma bateria composta por várias panelas e caixas de papelão, e um gravador pra gravar nossos rocks heavy metal berrados por mim em um inglês engraçadíssimo, imitando Robert Plant.

Vieram depois os amigos do Lyceu. Meus três anos de segundo grau me proporcionaram um número de novas amizades que ultrapassa minha capacidade de lembrar de todos eles. Basicamente, eu queria a amizade do pessoal do Grupo Folclórico, do Coral e do pessoal que fazia música no colégio, como Dida Fialho, Tom Ray, Lis e um grupo de Jaguaribe com o qual tive o privilégio de tocar algumas vezes. Houve os amigos do Grupo de Flauta Doce do SESC: Joaquim, Berna (através de quem tive o privilégio de conhecer Fernandito, hoje Fernando Pintassilvo) e Roderick.

Conheci Milita, Soraya, Tadeu Mathias, Marta, Gorete Irineu, Espínola.

Depois, já na faculdade de Economia, trabalhando pra manter minha nova família (Mônica e Kaio) conheci Saulo Barreto, Dr. Guilherme Rabay, Dr. Carneiro Braga e Dona Lígia, Hugo Brito, Emídio, Ilene Helfand e aqueles que seriam os amigos que a distância não separa e o tempo não apaga: Sérgio Carneiro e Paulo Machado.

Este post não se dedica às grandes almas que namorei, mas algumas das pessoas que tive o privilégio de namorar tornaram-se minhas amigas pela vida afora: Jê, Verinha, Mônica.

Minha péssima memória me impede de lembrar de muitas e muitas outras pessoas que, em alguma época, aqueceram meu coração e marcaram a minha alma com sua amizade. Irei acrescentando os nomes à medida que as lembranças forem voltando ou quando justos protestos se fizerem ouvir. Peço a compreensão dos que ainda não enumerei aqui.

Minha vinda para Brasília tinha a finalidade de arranjar-me um novo futuro, já que em João Pessoa não havia muitas oportunidades de trabalho para mim. Aqui conheci muita gente com quem trabalho até hoje. Fiz algumas boas amizades no trabalho, como Marcelo Gurgel, Eduardo Dantas, Marcelo Kasbergem, Álvaro Valente, Laércio Atuati.

Conheci as pessoas simples e muito amáveis do Planat: chegaram a preparar uma festa-surpresa no meu segundo casamento, na casa do querido João Batista. Jaime Lennon, Elias, Lili...

Infelizmente, hoje em dia sinto-me incapaz de dar profundidade às minhas amizades. Talvez o clima de Brasília favoreça o descompromisso e as amizades puramente de trabalho. Ou talvez, mais provavelmente, o problema seja eu mesmo.

Sinto falta de ter amigos. Mas a culpa é minha: gosto mesmo é de ficar em casa e durante todo o tempo em que vivo em Brasília fiquei centrado apenas no trabalho e na minha família, que era o meu mundo todo: Claudia e Victor.

Depois da separação procurei fazer novas amizades, e conheci pessoas muito muito simpáticas na Comunidade do Vinho. Voltei a alimentar a enorme amizade dos meus irmãos. Procurei expandir meus horizontes, mas ainda há muito trabalho a fazer até que eu seja novamente digno de ter amigos. Faltam-me, hoje em dia, as principais faculdades para conquistá-los e mantê-los: dedicação generosa, consideração e franqueza. Tornei-me um poste ou uma parede. Espero poder sair de dentro de mim logo, antes que a vida passe. Gostaria de ter alguns amigos que dissessem dois ou três elogios no meu funeral.

3 comentários:

Anônimo disse...

A parte do funeral é imprescindível !!

Anônimo disse...

A menção do funeral parece meio dark; mas não é legal a idéia de ter amizades que sobrevivem a nós mesmos?

Anônimo disse...

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