terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A Moda

O caderno "Mundo Ela" do Correio Braziliense trouxe, nesta semana, a seguinte chamada: "É importante ter cuidado na hora de garantir o bronzeado do verão". Uma foto mostrava uma dessas barrigas caríssimas e absolutamente efêmeras que constituem o Suplício de Tântalo do imaginário feminino.

Isso me fez pensar em quantas mulheres vão à praia pra nadar no mar e curtir a brisa e a sensação da areia molhada nos pés. Se não coincidir com o dia de lavar o cabelo, nada feito. Sem a canga da moda, jamais! E com o biquini do verão passado? Tá louca?????

Fico imaginando o dia em que a Prada lançar sandálias de praia: as meninas serão obrigadas a bronzear-se na calçada, pra pegar a "marquinha da sandália" sem estragar o caríssimo calçado.

Outro dia comentei que cresci numa época em que não era proibido usar a roupa que desse na telha: pelo contrário, o bom era ser original, ter seu próprio estilo, mesmo que não fosse estilo nenhum, já que ninguém ligava muito mesmo pra isso. Aliás, a etiqueta das vestimentas ficava do lado de dentro e as fábricas eram obrigadas a destacar-se pela qualidade, e não pelo investimento em comerciais de TV. Hoje, "ter seu próprio estilo" significa ter um Clio, morar num Flat da Via Engenharia, usar aquele acessório do qual só foram fabricadas quatrocentas mil cópias e chamar Lady Gaga de Diva.

Quem, nos loucos anos 60, imaginaria que Paz, Amor e Liberdade conduzissem à codebarrização do pensamento?

Ah, Bill Gates e Steve Jobs imaginariam, sim. Outros comerciantes perceberiam que os nerds são tudo menos doidos, e que os demais podem ser habituados a não pensar muito. E dar-se-iam bem, quod erat demonstrandum.

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